O Adeus literario à Walter Galvão

TODA A PARAÍBA LAMENTA A GRANDE PERDA DE UM INTELECTUAL “SUI GENERIS”: O MULTIFÁRIO JORNALISTA, ESCRITOR & CRÍTICO WALTER GALVÃO

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por Evandro da Nóbrega,

escritor, jornalista, editor, sócio efetivo do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Paraibano), sócio-fundador do FCF-PB (Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba) e membro da Confraria dos 100 Bibliófilos do Sertão Paraibano, além de editor-geral e redator-chefe desta ENCYCLOPÆDIA PARAHYBENSIS — que não chega propriamente a ser uma Britannica, mas sempre tem o que inglês ver!

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Ainda sob o impacto da morte do jornalista, professor e divulgador turístico Rogério Almeida — cearense paraibanizado, nosso confrade de lides jornalísticas, quando publicava seus artigos sobre Turismo, colega de UFPB e, também, ativíssimo companheiro nos Partners of the Americas, de que foi vice-presidente na Paraíba, Estado-irmão de Connecticut, nos Estados Unidos —, recebemos outra infausta notícia: a do falecimento do também jornalista, escritor, poeta, crítico literário, crítico de cinema, crítico musical, musicista, crítico social e administrador cultural Walter Galvão, que nos deixou na madrugada deste dia 7 de julho de 2021, aos 64 anos de idade.

Nascido a 3 de outubro de 1956, em João Pessoa, Walter Galvão foi nosso colega de Redação, entre meados da década de 1980 e inícios dos anos de 1990, no hoje (e criminosamente) extinto jornal O NORTE, onde firmamos sólida e duradoura amizade.

NA IMPRENSA PESSOENSE

Mas Walter Galvão Peixoto de Vasconcelos Filho — este seu nome “au grand complet” — igualmente trabalhou para os jornais “Correio da Paraíba” (onde foi colunista e editor-geral) e “A União”, da mesma forma se destacando nos setores editorial e administrativo.

Também era conferencista, debatedor inteligente e de muitos recursos dialéticos e expressivos, sendo frequentemente convocado a participar de debates nas áreas cultural, artística e política.

NO ESPAÇO CULTURAL

Desde o dia 16 de junho de 2020, quando substituiu no cargo a até então presidente Marinézia Gomes Tone, Galvão vinha exercendo a presidência da FUNESC (Fundação Espaço Cultural “José Lins do Rego”). No entanto, ele tivera que se afastar, havia cerca de duas semanas, a fim de se internar no Hospital da Unimed, nosocômio particular da capital paraibana.

Sofria de um câncer no fígado e foi disto que resultou seu mui prematuro e pranteado falecimento.

EDUCAÇÃO & TRANSPARÊNCIA

Fora também secretário de Educação e Transparência na Prefeitura pessoense e integrava a Academia Paraibana de Cinema.

Antes, na administração da prefeita Márcia Lucena, Galvão exercera o cargo de secretário de Comunicação (assessor de Imprensa) da Prefeitura da cidade do Conde, localizada na Região Metropolitana de João Pessoa.

UM EPISÓDIO INUSITADO

Relembre-se que, nesse posto, Galvão chegou a ser notícia, em termos regionais e até nacionais, por um fato inusitado, a seguir resumido.

Em maio de 2017, um radialista pessoense, criticando os vereadores do Conde, dissera no ar que eles pareciam “vestir saias”.

Isto gerou um clima de repúdio na pequena cidade do Litoral Sul paraibano, tendo o jornalista Walter Galvão, secretário de Comunicação condense, liderado protesto contra a fala do comentarista, considerada puro machismo: foi despachar em seu gabinete vestindo saias, no que se viu seguido pelos demais funcionários e pelos próprios vereadores. Todos passaram cerca de uma semana indo para o trabalho envergando tal indumentária típica & tradicionalmente feminina…

ESPÍRITO SEMPRE CRÍTICO

Inteligente, muito culto, sempre crítico e por vezes irônico, Walter Galvão também conquistava os amigos por sua gentileza, modos educados e espírito de solidariedade. Era também mui antenado com tudo quanto ocorria na aldeia, na região, no país, no mundo.

Em nosso relacionamento de colegas de jornal e de profissão, ele sempre deu mostras de grande generosidade e respeito — mesmo havendo entre nós uma diferença etária de dez anos.

SEUS PRESENTES LITERÁRIOS

Quando viajava a Brasília e ao Sudeste (e até ao Sul, para festivais de Cinema), Galvão invariavelmente nos trazia de presente um livro. Assim é que, entre outros volumes, nos brindou com os seguintes, que ainda hoje guardamos e vez por outra relemos, por se tratarem de obras realmente importantes:

* “Introdução à Edótica”, de Segismundo Spina, pela editora Cultrix, em 1977 (depois nos chegaria a edição da Edusp, de 1994);

* “Os livros malditos”, de Jacques Bergier (Editora Hemus, 1980, existindo, porém, uma edição mais recente, de 2003);

* “A biblioteca desaparecida”, de Luciano Canfora, em tradução de Federico Carotti (Companhia das Letras, 1989);

* e outras obras que conservo com carinho e sempre volto a ler, por se tratar de pequeno mas instigante acervo.

COMPANHEIRO EM “O NORTE”

Galvão conosco trabalhou, por muitos anos, no hoje infelizmente (e até criminosamente) extinto jornal O NORTE, da cadeia dos Diários e Emissoras Associados, fundada pelo genial paraibano universal Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello.

Tornou-se também amigo de um de nossos filhos, o filósofo Vladymir Mariz-Nóbrega, do saudoso jornalista e blogueiro Eraldo Nóbrega (que foi superintendente de “A União”) e de outros irmãos nossos.

SUA CONTRIBUIÇÃO LITERÁRIA

De sua obra literária (a que realmente fica), os principais títulos são os seguintes, por ordem o mais possível cronológica:

* 1981: A batalha dos renegados (A União Editora, 91 páginas)

* 1999: Maio, 1968: Vanguardas e revoluções (Editora da UFPB, 72 páginas)

* 2000: Rap ópera (Editora Manufatura, 66 páginas)

* 2002: Quarteto do corpo: fragmento de blog (Editora Folhetim, 24 páginas)

* 2004: Herbert Vianna: o som diz sim (Ideia Editora)

* 2006: “Inclusão, eclosão”, pela gráfica-editora Imprell, de João Pessoa

* 2013: Silabário (Ideia Editora)

* 2021: “45 poses da palavra” (Ideia Editora)

* etc.

Seu primeiro livro, “A batalha dos renegados”, citado lá em cima, representa uma coletânea de artigos selecionados dentre aqueles que publicou em cinco anos, em jornais paraibanos, sobre a “batalha cultural” travada no Estado por ele e por outros intelectuais paraibanos, sobretudo em João Pessoa, mas, por que não dizer, em nossas principais cidades de maior expressão em termos de Arte & Cultura.

SEMPRE ENTRE LIVROS

Nossos contatos — inicialmente quase diários, por causa da convivência em jornal — foram-se tornando cada vez menos amiudados à medida que se sucederam os anos deste início de novo milênio. Por falar nisto, Galvão editou por anos um caderno do “Correio da Paraíba” justamente chamado “Millenium”).

Por conta de nossas divergências ideológicas, fazíamos tácita questão de jamais conversarmos sobre temas políticos. Nos últimos tempos, toda vez que nos encontrávamos, isso ocorria na Livraria do Luiz, de nossos incomuns amigos comuns, Ricardo Emanuel Pinheiro e sua Janaína — e um refúgio que Galvão realmente adorava, por estar literalmente “inter libros”.

Quando Galvão lançou novo livro de poemas, “Silabário”, pela Ideia Editora, de outro amigo comum, Magno Nicolau, calhou de nos encontrarmos mais uma vez na Livraria do Luiz, onde ele me ofereceu um exemplar da novel obra; então, ali mesmo, na sortida loja livreira do Ricardo, adquirimos um livro para ele (de cujo título nem mais nos lembramos) — e até usamos na dedicatória um trecho de um poema do próprio Galvão.

HOMENAGEANDO A LISPECTOR

Salvo crasso erro, Galvão ainda trabalhava para o jornal O NORTE quando se casou com sua eterna musa Jória Guerreiro.

Anos depois, ao tempo que lhes nasceu a bela filha, o pai nos disse que a chamaria Clarice, exatamente em merecido louvor, antes de mais nada, à escritora judeo-ucrânio-brasileira Clarice Lispector (1920-1977), uma das mais extremadas admirações do casal.

CORPO FOI CREMADO

Embora seu falecimento não tenha ocorrido por nenhum motivo ligado à atual pandemia do novo vírus de origem chinesa, a família decidiu cremar o corpo de Walter Galvão, o que foi feito logo na manhã desse mesmo dia 7 — não duvidamos que por disposições expressas ditadas ainda em vida pelo próprio Galvão. Portanto, não se registrou velório.

Em tempo: o câncer que vitimou Galvão não surgira nas últimas semanas, como poderiam alguns imaginar. Pelo contrário, manifestara-se há tempos. Ele se submeteu a tratamento quimioterápico, mas esse problema de saúde agravara-se nas últimas semanas, o que determinou sua internação no hospital, de onde infaustamente não mais regressaria ao convívio dos seus.

GALVÃO & ROBERTO CARTAXO

Assinalando o intenso luto com que se recobriram em particular a Imprensa e, de um modo geral, todo o setor cultural paraibano, o passamento de Walter Galvão foi noticiado e bastante lamentado por órgãos de comunicação como o WSCOM (de outro Walter, o Walter Santos, também grande amigo e colega do falecido), o InformePB (do jornalista e produtor de TV Weber Luna), o G1 da Rede Globo, o Portal T5, o Paraíba.Com, o ClickPB, o ParaíbaJá, o Portal Correio, o blog do Marcelo José, o Blog do Anderson Soares e o portal JoãoPessoaPB, entre muitos outros.

No Instagram, um primo dele, Adalberto Ferrari, postou um vídeo (anteriormente disponibilizado pelo pessoal do Cine Paulo Pontes, do Espaço Cultural) em que Walter Galvão fala sobre o antigo diretor do Teatro Santa Roza, Roberto Cartaxo, falecido aos 62 anos de idade, em 2 de outubro de 2019. É imperdível oportunidade de ouvir a voz de Galvão, “ao vivo” e vídeo de referência, ao qual sempre recorrer.

SEMPRE LIGADO À MÚSICA

Na adolescência, isto é, nas décadas de 1970 e 1980, o rapaz que já se encaminhava a passos firmes para ser jornalista, escritor e tudo o mais cantava em conjuntos musicais de bailes. Como lembra o já citado Adalberto Ferrari, Walter Galvão chegou até a atuar num quarteto vocal em que todos os integrantes chamavam-se… Walter.

E, em verdade, Galvão nunca se apartou da Música, como mostram seus artigos e os títulos de alguns de seus livros. Entre outras revelações mui interessantes, o jornalista e crítico Sílvio Osias, seu amigo por mais de 50 anos, escreveu no supermovimentado blog que mantém no “Jornal da Paraíba” online, que Walter Galvão lhe disse certa vez algo como:

— “Não quero durar; o que quero é viver.

SINDICATO DOS JORNALISTAS

Uma das notas de pesar lançadas ante o falecimento de nosso colega e amigo Walter Galvão proveio da Federação Nacional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba, com a assinatura de seu presidente Land Seixas e que chegou a nosso conhecimento por intermédio da professora doutora Sandra Moura:

“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba expressa seu profundo pesar pelo falecimento ocorrido na madrugada desta quarta-feira, 7 de julho, de um dos grandes nomes do jornalismo e da cultura paraibana: Walter Galvão, de 64 anos. Homem das Letras e das Artes, intelectual generoso e cidadão antenado com as grandes questões de sua época, Galvão deixa uma lacuna imensa no convívio dos amigos, no ambiente jornalístico e também na gestão pública onde também atuou, sempre com competência, zelo e dedicação. Irmanamo-nos ao sentimento de perda de toda a Paraíba pela partida precoce de um jornalista, escritor, músico, gestor e, principalmente, homem de sentimentos elevados assim como sua cultura e leitura de mundo.”

Também a Funesc distribuiu nota de pesar lamentando profundamente a irreparável perda de um profissional como Walter Galvão e solidarizando-se com a dor de seus familiares, amigos e admiradores.

“MEU QUERIDO GURU”

Até onde vai nosso parco conheciment, Galvão tinha os irmãos sempre por ele referidos como Humberto, Rejane, Detinha e Lúcio Flávio Vasconcelos, este último (“last, not least”) renomado historiador e professor titular da UFPB, tendo sido formado e pós-graduado em História e Estudos Sociais pelas Universidades de Coimbra e de São Paulo.

Por falar no professor Lúcio Flávio, avisa-nos a professora doutora Verônica Lúcia do Rego Luna que ele, o Dr. Flávio, publicou no Youtube expressiva homenagem ao irmão recém-desaparecido, sob o título de QUERIDO GALVÃO, MEU GURU e que pode ser lido em sua própria página, no URL

https://www.facebook.com/lucio.f.vasconcelos

POR CERCA DE 40 ANOS

Sua vida como excelente profissional do Jornalismo estendeu-se por cerca de 40 anos. Em O NORTE, foi repórter, redator, chefe de Reportagem (“pauteiro”), secretário de Redação, eventual articulista e por muito tempo nos ajudou a fechar a “front page”, auxiliando assim, diretamente, o Editor-Geral. Nesse órgão dos Diários Associados, também assessorou sua Diretoria estadual.

No “Correio da Paraíba”, atuou especialmente como repórter especializado, colunista, editor de Cultura e editor geral, por vezes atuando como um “segundo Rubens Nóbrega”, por eventualmente exercer as funções de “ombudsman”. Também atuou em emissoras de rádio e de televisão, já que dispunha de pleno domínio da palavra falada.

HOMENAGEM A GONZAGA RODRIGUES

Galvão não dispunha de muito tempo para cuidar de seu perfil no Facebook. Tanto que sua última postagem, lá, ocorreu no dia 21 de junho próximo passado, constante de um pequeno quadro em que ainda se podem ler os seguintes dizeres:

— Feliz aniversário, Gonzaga Rodrigues, mestre de gerações de escritores!

GALVÃO & WELLINGTON PEREIRA

Embora por vezes autor de textos densos (em particular os doutrinários), com termos inesperados e torneios de frase nem sempre acessíveis ao leitor menos avisado culturalmente, Galvão era mestre numa conversação, era perito numa comunicação oral bem simples, com ótimo poder de empatia e convencimento.

Era igualmente mui atencioso com todos, sem exceção. Enfim, um espírito superior, que em muitos aspectos assemelhava-se a um de nossos amigos comuns, o inesquecível professor, escritor e critico Wellington Pereira, recentemente falecido, vítima da Covid-19 e também homenageado nesta ENCYCLOPÆDIA PARAHYBENSIS.

À GUISA DE “POST SCRIPTUM”

Ah, íamos nos esquecendo disto. Em 2001, nosso incomum amigo comum Juca Pontes lançou pelas Edições Varadouro, com impressão na Gráfica JB, uma coleção de meia dúzia de volumes sob o título geral de Literatura Paraibana Hoje.

Um desses livros era de nossa humilde lavra, intitulando-se “Traduzindo Li Bai & Du Fu: Século VIII, Dinastia T’ang”, de 112 páginas. Não se tratava de obra de ficção, mas da tradução que pudemos realizar, com nosso modesto conhecimento da língua chinesa antiga, dos DOIS MAIORES poetas chineses de todos os tempos, justamente os citados Li Bai (ou Li Po) & Du Fu (ou Tu Fu).

Pois bem, ao comentar em artigo a coleção, o amigo Walter Galvão foi bastante generoso com o autor deste livro em particular, classificando o dito volume como “o mais profundo” da série e elogiando “a extrema paciência do autor” em traduzir caractere por caractere alguns dos melhores poemas desses dois vates medievais chins.

Galvão pôde ver, logo depois, que o tal livro sobre Li Bai & Du Fu, mui bem recebido por ele, de tal modo agradou aos chineses que seu autor (o degas aqui) recebeu um convite especial para visitar a China, durante um mês.

Na capital Chengdu, da província do Sichuan, o então governador local compareceu à TV estatal chinesa para mostrar o livro à população — e, depois, cerimoniosa e oficialmente, colocou um exemplar da obra no célebre santuário dedicado a esses dois poetas chineses.

Li Bai é considerado uma espécie de Omar Khayyam chim e tão importante quanto… Shakespeare, ao passo que Du Fu é tido como “o Dante chinês”. Esses dois poetas antigos são tão admirados na China inteira, que, se Você os considerar algo inferiores a Shakespeare, terá arranjado a baita de uma briga com os chineses…

Esse mesmo governador da província do Sichuan explicou ao então secretário do Planejamento da Paraíba, Dr. Mário Silveira, que essa obra sobre Li Bai e Du Fu constituía a 15a. tradução desses poetas para uma língua não chinesa — mas a PRIMEIRA em língua portuguesa feita DIRETAMENTE dos caracteres originais.

O livrinho com esses poemas traduzidos, que tanto agradara ao crítico literário Walter Galvão, viu-se lançado não apenas na Paraíba, como também na China — o mesmo ocorrendo com outra obra nossa, em chinês e português, “Chinês de emergência para viagens” [Grafset, 2004, 256 páginas).

Para o autor dest’outro livro (sim, o veeeeelho Druzz de guerra), o maior elogio (indireto!) veio do embaixador chinês no Brasil: “Minha esposa, por uma espécie de engenharia reversa, está aprendendo… PORTUGUÊS por seu manual de CHINÊS”…

Evandro da Nóbrega

Evandro da Nóbrega, escritor, jornalista, editor

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